Design como arte marcial [Max Yogoro]

Design como arte marcial

Como um praticante de ambos, artes marciais e design, pude perceber ao longo dos anos como a prática de um influenciou positivamente a prática do outro e espero compartilhar alguns insights derivados dessa congruência.

Atuando como um designer estratégico, tive a oportunidade de mergulhar em projetos de diferentes escopos. Projetar serviços, dar forma e transformar produtos, construir novos modelos de negócio, definir estratégias para o futuro, estabelecer uma cultura organizacional orientada pelo Design — e mais — me fizeram ver o Design como um caminho amplo e diversificado. Aqui, quando falo sobre Design falo sobre essa perspectiva mais ampla e profunda.

Minha experiência com artes marciais não é tão diferente. Devido à minha paixão ‘desde sempre’, naveguei por diversas, como Judô, Capoeira, Kung Fu Shaolin, Wing Chun, Aikido [a que mais pratiquei] e mais. Todas são incríveis. Para aqueles que não tiveram contato com alguma arte marcial, vale ressaltar que arte marcial não é apenas luta. Lutar, a prática deliberada do combate, é parte importante do treinamento da maioria das artes marciais. Entretanto, tais formas de arte são também caminhos amplos e diversificados, compreendendo outras camadas filosóficas e intelectuais. Aqui, quando falo sobre Artes Marciais também falo sobre essa perspectiva mais ampla e profunda.

Ambos são altamente complexos
O playground do Design e das Artes Marciais estão em constante mutação. Seus desafios nunca se aquietam e não aceitam respostas repetitivas, ao menos não por muito tempo. Eles exigem envolvimento físico e intelectual onde não há uma ‘solução certa’, onde a saída deve ser construída e não encontrada [como se ela já existisse e apenas nos aguardasse].

Intuição é crucial
Artes Marciais, em particular, nos ajudam a entender essa verdade rapidamente. Pense demasiadamente e logo estará no chão. Ao projetar ou ao praticar artes marciais, você frequentemente enfrentará situações em que não terá uma visão clara ou certezas sobre os resultados de possíveis ações. Deixar a intuição integrar a tomada de decisões é fundamental para aproveitar momentum e dar espaço à uma ideia criativa.

Sem respeito, sem chance
Design e Artes Marciais são essencialmente baseados em interações sociais. Ainda que discussões possam parecer duras e combates possam parecer violentos, tais práticas prosperam positivamente se guiadas por um propósito absoluto de crescimento, seja para alcançar um conceito melhor ou para polir as habilidades de seus praticantes. É simples: cuide verdadeiramente das pessoas ao seu redor.

Morihei Ueshiba [Design como arte marcial]
Morihei Ueshiba, fundador do Aikido

Um caminho de modelos para se atingir a ‘não forma’
Saber como aplicar uma técnica de pesquisa, um processo de design, um determinado material é igualmente importante como saber a melhor postura para um soco, o modo de cair suavemente no chão ou de prender o braço do outro praticante. Tais habilidades são desenvolvidas por meio de teoria e bastante prática. Aprender por meio de modelos, frameworks e instruções existentes é extremamente valioso, mas não o suficiente. Você deve dominá-los, mas não deixar que eles o dominem. O objetivo final é desenvolver um corpo adaptativo, uma mente adaptativa, uma atitude adaptativa; aplicando modelos quando esses fazem sentido, adaptando-os se necessário e criando novos.

Mantendo a mente de principiante
Algumas coisas são comuns entre os grandes mestres que conheci do Design e das Artes Marciais, e uma delas é: eles nunca param de evoluir. Eles sabem, assim como principiantes, que há muito para se aprender e desenvolver. Suas montanhas crescem à medida que eles sobem.

Um caminho para a maestria e a expressão de si mesmo
Cada Designer e Artista Marcial persegue seus próprios conceitos de perfeição, de como as coisas poderiam ou deveriam ser melhores. Ao dedicar suas energias física e mental nessa busca, eles gradualmente se tornam mestres de si mesmos. Desenvolvem uma compreensão mais profunda de quem são e canalizam essa consciência em sua prática. Por serem verdadeiros mestres de si mesmos, deixam a si mesmos ir.

A arte atinge seu pico mais alto quando desprovida de autoconsciência. A liberdade descobre o homem no momento em que esse perde a preocupação sobre a impressão que está gerando ou prestes a gerar.” — Bruce Lee

E, a propósito, ambos são caminhos poderosos para mudanças positivas.

Sep 2, 2016
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